Tratando o glaucoma: o que preciso saber

Doença ganha novo aliado para evitar a cegueira

Segundo o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), o Brasil tem cerca de 1,5 milhão de pessoas com glaucoma, doença oftalmológica que, se não tratada adequadamente, pode levar à perda irreversível da visão.
Apesar de comum, a doença costuma dar sintomas de perda visual muito tardiamente, quando já está em um estágio mais avançado.

"A maior parte dos casos do glaucoma, infelizmente, não apresenta sintomas. Por isso, chamamos a doença de ladrão silencioso da visão"

Explica a oftalmologista especialista em glaucoma e docente da Pós-Graduação da UFPR, Dra. Heloisa Russ (CRM: 18526-PR).

Um novo aliado no controle do glaucoma: XEN®45

Chega ao Brasil uma inovação de tratamento para o glaucoma: trata-se de XEN®45, um implante gel, do tamanho aproximado de um cílio, recomendado para glaucoma primário de ângulo aberto cujos tratamentos médicos anteriores falharam.
O dispositivo é colocado logo abaixo da conjuntiva, membrana transparente que cobre o branco do olho, e cria um pequeno canal para drenar o humor aquoso, ajudando a diminuir a pressão ocular.

"É uma técnica revolucionária que pode resumir o tratamento em duas palavras: segurança e eficácia, pois XEN®45 promove a redução da pressão com menos efeitos colaterais em comparação às cirurgias"

Analisa Dra. Heloisa Russ, que realizou as primeiras intervenções de XEN®45 no país.

Implantado por meio de uma micro incisão em procedimento ambulatorial (sem necessidade de internação), o método também promove menos riscos de complicações, bem como uma recuperação mais rápida.

“Os pacientes em que implantei o dispositivo tiveram uma rápida recuperação da visão e também houve menor flutuação visual em comparação a outras cirurgias. Sessenta dias após o procedimento, ainda pudemos notar que eles tiveram estabilidade do campo visual e da acuidade, que é a capacidade de enxergar com clareza e nitidez. Todos continuam sem necessidade de fazer o uso de colírios, estando com a pressão ocular controlada”

Conta a oftalmologista.

Desmistificando o glaucoma

Diversos fatores podem desencadear seu desenvolvimento.

"Idade, histórico familiar, raça, uma vez que pessoas negras têm mais predisposição aos componentes de pressão arterial, diabetes, miopia, córnea fina e, em alguns casos, distúrbios cardiovasculares, onde a hipertensão é o maior risco, são os principais"

Pontua a médica.

Apesar de costumeiramente não apresentar manifestações, alguns pacientes podem ser sintomáticos, especialmente no glaucoma do tipo ângulo fechado. Para eles, ocorre um aumento súbito da pressão intraocular, trazendo manifestações como olhos vermelhos, dor, sensibilidade à luz, visão embaçada, náuseas e vômitos.

Em crianças, as características mais comuns são lacrimejamento, sensibilidade à luz, olhos grandes e córnea esbranquiçada.

Como obter o diagnóstico do glaucoma?

"Numa consulta oftalmológica, preferencialmente de rotina, onde é feita a avaliação da pressão intraocular, numa análise conhecida como tonometria, e do nervo óptico com o exame de fundo de olho"

Esclarece a especialista.

O tratamento do glaucoma requer adesão de pacientes

As indicações para o controle do glaucoma, feito com a redução da pressão intraocular (PIO), podem incluir o uso de medicamentos específicos, lasers ou cirurgia, variando de acordo com cada caso e forma do glaucoma.

"De modo geral, o tratamento costuma ser feito com o uso de colírios. Caso a medicação não seja suficiente para controlar a PIO, são adicionados outros colírios com componentes diferentes"

Relata a doutora.

Há ainda a possibilidade de métodos com laser, indicados para glaucoma de ângulo aberto e/ou fechado. Quando o tratamento clínico e lasers não são suficientes, abre-se a alternativa para cirurgias minimamente invasivas e o implante de XEN®45.

Por fim, é importante lembrar que o glaucoma é uma doença crônica e ainda sem cura. Por isso, é essencial manter consultas regulares com o médico oftalmologista. Além do diagnóstico precoce, a adesão correta e permanente ao tratamento é a peça-chave para prevenir a perda irreversível da visão.

Referências:

  1. Reitsamer H, Vera V, Ruben S, Au L, Vila‐Arteaga J, Teus M, et al. Acta Ophthalmologica. 2022;100(1):e233-e45.
  2. Sheybani A et al. Prospective, randomized, multicenter, open-label, 12-month evaluation of the effectiveness and safety of the gel stent vs trabeculectomy: the gold standard pathway study (GPS). Presented at the Annual American Glaucoma Society (AGS) Meeting, Nashville, TN, USA, March 03-06, 2022
  3. The Internacional Agency for the prevention of blindness. Disponível em: https://www.iapb.org/learn/knowledge-hub/eye-conditions/glaucoma/. Acessado em 11/05/2023
  4. Um olhar para o glaucoma no Brasil. Pesquisa conduzida pelo Ibope Inteligência. Disponível em: https://www.sbglaucoma.org.br/wp-content/uploads/2020/06/pesquisa-opiniao-publica-ibope-sbg-upjohn.pdf. Acessado em 11/05/2023
  5. Ministério da Saúde. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/26-5-dia-nacional-de-combate-ao-glaucoma-5/#:~:text=O%20glaucoma%20%C3%A9%20uma%20doen%C3%A7a,c%C3%A9rebro%20para%20formar%20a%20vis%C3%A3o. Acessado em 11/05/2023
  6. Sociedade Brasileira de Glaucoma. Disponível em: https://www.sbglaucoma.org.br/glaucoma-e-a-maior-causa-de-cegueira-irreversivel-no-mundo/. Acessado em 11/05/2023
  7. Sociedade Brasileira de Glaucoma. Disponível em: https://www.sbglaucoma.org.br/wp-content/uploads/2019/12/02-DIRETRIZ-SEGUIMENTO-CL%C3%8DNICO.pdf. Acessado

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