Hoje em dia, o contato com telas de computadores, tablets e celulares está presente na rotina de grande parte das pessoas, principalmente entre os jovens. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 66,3% das pessoas entre 10 e 24 anos acessam à internet, sendo que desses, 94,6% acessam via celular¹.
A agência internacional We Are Social publicou um estudo mostrando que o brasileiro passa, em média, 9 horas concectado à internet por dia², tornando-se o terceiro país mais conectado. Essa mudança comportamental, impulsionada pelo avanço tecnológico, ainda é muito recente, mas tem despertado o interesse de vários profissionais da saúde com relação à interferência que este hábito pode causar aos usuários.
No campo da saúde ocular, estudos apontam para um possível impacto negativo na visão dos jovens, como explica a oftalmologista Dra. Ruth Santo (CRM/SP 57390): “Estudos demonstram que o uso excessivo e prolongado dos dispositivos eletrônicos pelas crianças, pode contribuir para o aparecimento e progressão da miopia, sobretudo naquelas que já têm propensão genética”.
Ao focar em uma imagem que está próxima, o cristalino (lente natural localizada atrás da íris) contrai a musculatura interna do olho, chamado de músculo ciliar, que, assim como qualquer outro músculo, se forçado por muito tempo, pode entrar em espasmo e resultar em uma “pseudomiopia” – “vista cansada”, como é popularmente conhecida.
Além disso, “realizar atividades que exigem bastante atenção, como a leitura, reduz a quantidade de piscadas, fazendo com que a superfície dos olhos fique sujeita ao ressecamento ocasionado pela evaporação da lágrima. Em locais com baixa umidade do ar ou em ambientes climatizados, a evaporação da lágrima é ainda maior. Portanto, nos dias de hoje, os fatores ambientais e comportamentais favorecem o aparecimento de sintomas de olho seco, mesmo na população mais jovem”, explica a Dra. Ruth.
Estudos também evidenciam que a expossição excessiva à luz azul, emanada pelas telas dos dispositivos eletrônicos, pode causar problemas não só à superfície ocular, mas também às estruturas internas do olho, como o aumento na incidência de catarata e degeneração da retina³.
O uso cada vez maior de equipamentos eletrônicos evidencia a necessidade de redobrar os cuidados com a saúde ocular, especialmente dos jovens e crianças, que devem utilizar esses dispositivos por período monitorado para evitar que passem muitas horas em frente às telas.
“A moderação é o ponto fundamental para isso. Para aqueles que trabalham com compu-tadores, é indicado realizar pausas e olhar algo que esteja distante – isso faz o músculo ciliar relaxar. E, por fim, mas não menos importante, procurar o médico oftalmologista para exame periódico. Este profissional poderá avaliar se há necessidade de um tratamento mais específico”, completa a especialista.
O texto acima possui caráter exclusivamente informativo. Jamais realize qualquer tipo de tratamento ou se automedique sem a orientação de um especialista.
Taís Cruz – MTB 0083367/SP
Referências bibliográficas
¹https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de-noticias/releases/20073-pnad-continua-tic-2016-94-2-das-pessoas-que-utilizaram-a-internet-o-fizeram-para-trocar-mensagens
²https://wearesocial.com/blog/2018/01/global-digital-report-2018
³https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6288536/