Sempre é tempo de evitar o olho seco

Doença ocular pode ser agravada por mudanças de temperaturas, mas algumas medidas ajudam a evitá-la durante o ano […]

Doença ocular pode ser agravada por mudanças de temperaturas, mas algumas medidas ajudam a evitá-la durante o ano inteiro

As mudanças de clima, deixando-o com baixa umidade, pode trazer complicações à saúde dos olhos, como é o caso da síndrome do olho seco. Apesar de comum (até 52% da população brasileira pode apresentar o quadro) e bastante incômoda, a síndrome ainda é pouco conhecida. “A boa notícia é que existem medidas para  ajudar a conter as crises de olho seco, em qualquer estação do ano”, conta o Dr. José Alvaro Pereira Gomes, oftalmologista (CRM 66306-SP) e presidente da após (Associação Brasileira de Portadores de Olho Seco).

O que é o olho seco?

Diversos motivos podem afetar a saúde ocular:

  • Mudança climática
  • muito tempo de exposição ao vento, ventilador ou ar-condicionado
  • horas em frente a telas
  • uso de lentes de contato
  • entre outros

Se o quadro for de secura momentânea por agentes externos, o quadro costuma ser resolvido com a devida  lubrificação, realizada com colírios especiais para isso.

Já a síndrome do olho seco tem seus sintomas de forma mais intensa e crônica, tornando o ressecamento uma condição oftalmológica impactante e limitante para a qualidade de vida. Nestes casos, a falta da hidratação requer acompanhamento periódico de oftalmologistas para indicação do melhor tratamento 

Essa deficiência traz consequências à superfície dos olhos, principalmente à córnea, que protege a região frontal do olho e garante a entrada adequada de luz para a formação das imagens. “A córnea depende da lubrificação para manter as suas características de transparência, bem como a sua capacidade óptica perfeita.  A lágrima regulariza essa superfície, então também tem uma função óptica muito importante”, explica o doutor. “ Quando a produção ou a qualidade da lágrima não estão adequados, essa inervação acaba sendo estimulada e a pessoa começa a sentir sintomas de desconforto ocular”, conclui.

Questões hormonais e ambientais podem influenciar no aparecimento da síndrome

O olho seco pode afetar pessoas de todas as idades, incluindo crianças. Entretanto, a síndrome é mais comum em adultos, principalmente em mulheres na pós-menopausa. Ou seja, fatores hormonais podem contribuir para o aumento da prevalência da condição.

Entre os agentes agravantes para as crises de quem já convive com a síndrome do olho seco estão o uso prolongado de dispositivos eletrônicos, como celulares, computadores, tablets e televisões, exposição excessiva ao ar condicionado ou ambientes com baixa umidade, uso de lentes de contato, envelhecimento, alguns medicamentos e outros problemas de saúde, como a síndrome de Sjögren.

Entre os sintomas do olho seco, estão:  

– Sensação de areia nos olhos;

– Ardência;

– Vermelhidão;

– Irritação em um ou ambos os olhos;

– Coceira;

– Lacrimejamento excessivo;

– Fotofobia: sensibilidade à luz;

– Visão embaçada e/ou borrada.

Se não for tratada adequadamente, a síndrome do olho seco afeta a qualidade de vida dos pacientes. “Se um ou mais desses sintomas persistirem é essencial buscar a avaliação de um oftalmologista o mais cedo possível para evitar complicações e garantir a qualidade visual e bem-estar ocular”, diz o oftalmologista.

A importância do diagnóstico precoce

O diagnóstico da síndrome do olho seco é realizado por meio de avaliação oftalmológica que inclui a análise dos sintomas, exame clínico e testes específicos, como o teste de Schirmer e a análise do filme lacrimal.

“Identificar precocemente a doença é essencial para iniciar o tratamento adequado e evitar danos à superfície ocular, além de aliviar os sintomas e melhorar a qualidade de vida do paciente”, reforça Dr. Jose Alvaro Pereira Gomes.

Após a identificação da síndrome, seu tratamento pode incluir o uso de lubrificantes oculares (colírios), medicamentos anti-inflamatórios e imunomoduladores, bem como procedimentos minimamente invasivos. Dependendo da gravidade e da causa da condição, outros especialistas, como reumatologistas, podem ser envolvidos em casos de olho seco associado a doenças autoimunes.

Medidas simples podem colaborar para evitar crises de olho seco durante todo o ano

Alguns hábitos podem ajudar a prevenir os sintomas de secura ocular. Entre elas, evitar ambientes com ar condicionado, fazer pausas ao usar telas, piscar regularmente durante leituras ou atividades prolongadas e manter a hidratação em dia

O uso de lubrificantes oculares, como o colírio Optive®, pode ser recomendado para aliviar o desconforto e a secura ocular. Sua composição ajuda a restaurar e estabilizar a lágrima, mantendo a superfície ocular hidratada e proporcionando alívio imediato e duradouro dos sintomas, assim como maior conforto e bem-estar ocular.

Para mais informações sobre o olho seco e o uso de Optive®, consulte um oftalmologista.

Referências:

1. Conselho Brasileiro de Oftalmologia. Consulta em 21/07/2023. Disponível em: http://www.cbo.com.br/jotazerovirtual/15_032006.htm e http://www.cbo.com.br/novo/publicacoes/revista_vejabem_09_leitura.pdf

2. Fridman, D., Freitag, M. M., Kleinert, F., & Lavinsky, J.. (2004). Olho seco: conceitos, história natural e classificações. Arquivos Brasileiros De Oftalmologia, 67(1), 181–185. Consulta em 21/07/2023. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0004-27492004000100033

3. Fonseca, E. C., Arruda, G. V., & Rocha, E. M.. (2010). Olho seco: etiopatogenia e tratamento. Arquivos Brasileiros De Oftalmologia, 73(2), 197–203. Consulta em 21/07/2023. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0004-27492010000200021

4. Associação dos Portadores de Olho Seco. Consulta em 21/07/2023. Disponível em: https://apos-olhoseco.com.br/

Minibula:

O Implante em Gel XEN foi projetado para reduzir a pressão intraocular em pacientes com glaucoma primário de ângulo aberto cujos tratamentos médicos anteriores falharam.IU01_ XEN/MS- 80143600113.Todos os Direitos Reservados. BR-OPT-230057. Aprovado em Ago/23.

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Material aprovado em maio/2023. BR-OPHTHDM-230001

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Inverno e olho seco: por que o clima pode piorar o problema?

O inverno pode parecer sedutor para quem gosta de frio, mas é a pior época para quem tem […]

O inverno pode parecer sedutor para quem gosta de frio, mas é a pior época para quem tem a síndrome do olho seco. A doença, que atinge cerca de 18 milhões¹ de brasileiros, tende a piorar durante esta estação, intensificando sintomas como a inflamação dos olhos.

“É ruim até para aqueles que não têm qualquer desconforto em outros momentos do ano, mas podem passar a senti-los durante o inverno”, comenta Dra. Monica Alves (CRM 95442-SP), oftalmologista, especialista em superfície ocular e olho seco.

Essa relação se dá por conta da baixa umidade relativa do ar, característica do período invernal, em algumas regiões do país. “Se o tempo está muito seco, a tendência é que a lágrima vá evaporando da superfície dos olhos. Quando ela evapora, aumenta o atrito das pálpebras, ocasionando o mal-estar”, explica a médica.

Olho seco pode prejudicar a visão e trazer dificuldades às atividades do dia a dia

A lágrima, em quantidade e qualidade ideais, tem a função de lubrificar o globo ocular², além de protegê-lo de possíveis infecções e partículas de poeira³. Quando há alguma disfunção no seu processo de produção ou distribuição, desenvolve-se o problema conhecido como síndrome do olho seco.

“Alguns estudos avaliam o impacto de diferentes patologias na qualidade de vida dos pacientes. O impacto dessa síndrome é semelhante a doenças como a angina⁴, uma manifestação de doença arterial que causa fortes dores no peito. Este fator tem a ver com a intensidade dos sintomas, se arde, se coça, se fica vermelho e se lacrimeja. Mas o indivíduo pode ter dificuldade nas atividades diárias⁵, como trabalhar, ler e ficar num ambiente com ar-condicionado”, conta a especialista.

Também é importante ressaltar que, em formas graves, a condição pode repercutir na qualidade da visão.

Doença é 2x mais comum em mulheres

Uma lista extensa compõe os fatores de risco para o aparecimento da síndrome do olho seco⁶, entre eles:

– Envelhecimento, uma vez que as glândulas que produzem o componente da lágrima vão diminuindo a produção com o passar dos anos, o que afeta a qualidade e quantidade da lágrima;

– Gênero, pois mulheres têm 2x mais chances de conviver com o olho seco, devido a fatores hormonais, menopausa, uso de anticoncepcional e terapia de reposição hormonal;

– Doenças sistêmicas, como as reumatológicas e de pele, bem como seus tratamentos e medicações;

– Uso de ansiolíticos, antidepressivos, antialérgicos e diuréticos, que impactam na produção da lágrima e diminuem sua secreção;

– Cirurgias tidas como rotineiras, a exemplo de correção de miopia, catarata e cirurgia plástica de pálpebra, que podem alterar a qualidade e quantidade lacrimal;

– Alguns tipos de colírios para doenças oculares, que possuem conservante tóxico para a superfície ocular e, por isso, precisam ser monitorados;

– Fatores ambientais e comportamentais, como o clima, poluição, ar-condicionado, exposição excessiva à telas – este último por diminuir a frequência do piscar.

– Utilização de lentes de contato⁷. “Quando colocamos a lente na córnea, separamos a lágrima que precisa ficar espalhada da superfície dos olhos. Esse uso provoca um mecanismo de adaptação que diminui a sensibilidade da córnea, justamente quem vai estimular a secreção da lágrima e, quando reduzida, ocasiona uma secura nos olhos”, relata Dra. Monica Alves.

Por isso, é essencial que o paciente esteja atento a sinais de irritação e incômodos ao colocar a lente, assim como lubrifique os olhos, tenha cuidados com seu uso correto, troca regular e número máximo de horas com o dispositivo.

Diagnóstico do olho seco envolve várias fases

Os sintomas do olho seco são semelhantes aos de outros distúrbios oculares, mas análises complementares e histórico do indivíduo ajudam na detecção do problema.

“Olho seco tem a ver com fatores de risco e, normalmente, queixa de ardência, irritação e sensação de areia nos olhos². Ele faz com que haja a perda do mecanismo de limpeza da superfície, algo que a lágrima também faz, expondo a região a mais quadros alérgicos e infecciosos”, pontua a oftalmologista.

Apesar de não haver um exame específico para sua identificação, o médico responsável pelo caso pode obter uma definição ao questionar e quantificar as características observadas.

“Hoje temos equipamentos que medem quanto de água e óleo há na lágrima, quanto tempo ela fica estável na frente do olho, qual a frequência do piscar, como estão as glândulas que produzem óleo da lágrima, colírios que detectam um ressecamento, entre outros elementos que contribuem para o diagnóstico da doença”, diz Alves.

Tratamento envolve várias fases e varia de acordo com o quadro⁶

Para controlar o olho seco, primeiro é preciso identificar que fatores de risco o paciente tem e quais podem ser modificáveis.

“Olho seco moderado a grave não tem cura, mas é controlável. A medicação inicial é composta por lubrificantes, que variam de acordo com o quadro apresentado: o olho seco por deficiência aquosa, quando falta camada aquosa da lágrima, e o olho seco evaporativo, que ocorre por deficiência lipídica (óleo), irão contar com medicamentos de componentes produzidos em glândulas diferentes. Então, o paciente pode precisar de um ou de ambos”, conclui a médica.

Ainda podem ser recomendados:

– Substitutos biológicos da lágrima, a exemplo de colírios feitos com sangue da própria pessoa em recuperação, onde o plasma é filtrado e sua composição se torna muito semelhante à da lágrima;

– Aplicação de plugs no canal da lágrima, a fim de impedir que ela saia da superfície do olho.

– Cirurgias⁶, a exemplo da tarsorafia, técnica que promove o fechamento das pálpebras de forma temporária ou definitiva, e transplante de membrana amniótica, uma alternativa usada para reconstruir a superfície ocular, enxerto de membrana mucosa e glândula salivar.

É válido lembrar que alguns tipos de colírios são configurados como medicação, com propósito, e não podem ser usados sem indicação adequada. Por isso, a visita regular ao oftalmologista é essencial.  

Por fim, para prevenir o olho seco, são recomendados os umidificadores para ambiente, a intensificação dos cuidados com a limpeza da pálpebra e o hábito de beber bastante líquido.

Referências:

1.  Associação Brasileira de Portadores de Olho Seco (Apos)

2. Instituto de Moléstias Oculares. Disponível em: https://imo.com.br/sindrome-do-olho-seco/. Acesso em 20/07/2022

3. Conselho Brasileiro de Oftalmologia. Revista Veja Bem. Edição 9, ano 04, 2016. Página 20 Disponível em: http://www.cbo.com.br/novo/publicacoes/revista_vejabem_09_leitura.pdf Acesso em 20/07/2022

4. Instituto de Moléstias Oculares. Disponível em:  https://imo.com.br/doenca-de-olho-seco-e-diabetes-estudo-revela-necessidade-de-triagem/#:~:text=Sabe%2Dse%20que%20o%20olho,quadril%20ou%20em%20di%C3%A1lise%20renal. Acesso em 20/07/2022

5. American Journal of Ophthalmology – Volume 143, Issue 3, Pages 409-415.e2 (March 2007) – Impact of Dry Eye Syndrome on Vision-Related Quality of Life – Biljana Miljanovic?, Reza Dana, David A. Sullivan, Debra A. Schaumberg

6. Fonseca, Ellen Carrara, Arruda, Gustavo Viani e Rocha, Eduardo MelaniOlho seco: etiopatogenia e tratamento. Arquivos Brasileiros de Oftalmologia [online]. 2010, v. 73, n. 2 [Acessado 20 Julho 2022] , pp. 197-203. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0004-27492010000200021>. Epub 12 Ago 2010. ISSN 1678-2925. https://doi.org/10.1590/S0004-27492010000200021. 7. Sociedade Capixaba de Oftalmologia. Disponível em: http://www.sco.cbo.com.br/saude.php?n=2. Acesso em 20/07/2022

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Você precisa ficar de olho no ceratocone

Doença, mais comum na adolescência e início da vida adulta, é um dos principais motivos para transplante de […]

Doença, mais comum na adolescência e início da vida adulta, é um dos principais motivos para transplante de córnea

A adolescência e início da vida adulta são fases de muitas transformações: o corpo sofre mudanças, novas opiniões passam a ser formadas, são dados os primeiros passos no mercado de trabalho e muito mais. Imagine se, além de todos esses fatores, ainda fosse necessário lidar com um diagnóstico de ceratocone. O que você faria?

Esse é o caso de aproximadamente 150 mil brasileiros todos os anos, afetados pela doença ocular rara, genética, hereditária e com evolução lenta, que se manifesta com mais frequência entre os 10 e 25 anos¹, mas pode se desenvolver até os 30 ou 35 anos³. 

“O ceratocone provoca uma lesão na córnea, a camada fina e transparente que recobre toda a frente do globo ocular, causando uma deformação progressiva que afina e aumenta a curvatura dessa estrutura. Ela, que era até então redonda, passa a ter um formato de cone. É por isso que a doença tem esse nome”, explica o Dr. Renato Ambrósio Júnior (CRM 52.62107-2 RJ), médico oftalmologista com vasta experiência em ceratocone.

O problema é que tal condição, ainda desconhecida por muita gente, pode comprometer seriamente a visão caso não seja diagnosticado e tratado precocemente².

“Entretanto, apesar de poder levar à perda de visão bastante acentuada, a boa notícia é que o ceratocone não costuma levar o paciente à cegueira”, pontua o médico.

Identificando o ceratocone

O ceratocone costuma acometer os dois olhos de maneira assimétrica, ou seja, um pode ser mais prejudicado que o outro. O distúrbio também costuma apresentar alguns sinais que podem ajudar na sua identificação³. Entre eles:

– Desconforto visual;

– Dor de cabeça;

– Fotofobia;

– Coceira nos olhos;

– Visão distorcida e/ou embaçada.

Dor e inflamação, a exemplo de vermelhidão nos olhos, não são características típicas. Mas o hábito de coçar os olhos, ainda que não seja um sintoma, é bastante comum.

“O ceratocone ocorre com a associação de questões genéticas e hereditárias, mas seu agravamento está relacionado a traumas repetitivos. Nesse sentido, alergias oculares podem ter ligação e coçar os olhos é um fator de risco para o aparecimento ou piora da doença”, explica o doutor.

O paciente ainda pode apresentar miopia e astigmatismo⁷, que aumentam com o ceratocone e demandam a troca constante de óculos³. Entretanto, o diagnóstico pode ser obtido na fase inicial em pessoas que não apresentam qualquer tipo de sintoma.

Em todos os cenários, a consulta regular com o oftalmologista é peça-chave para a descoberta do problema. Exames complementares, como a Topografia Corneana Computadorizada – análise que faz um mapeamento mais minucioso da superfície da córnea –, podem ser solicitados.

Tratamento pode envolver uso de óculos, colírios e até transplante de córnea³

Dr. Renato Ambrósio, que também é idealizador da campanha Violet June (em português, Junho Violeta) de conscientização do ceratocone, conta que o tratamento depende da progressão da doença.

“O tratamento de alergias associadas e o trabalho de educação para evitar coçar os olhos são essenciais para evitar que a condição continue piorando. Para melhorar a visão já comprometida, os óculos são a primeira opção de correção”, relata o especialista⁴.

Quando a correção não é suficiente pelos óculos, podem ser indicados diferentes tipos de lentes de contato especiais³. Elas, porém, não impendem que o ceratocone progrida.

Se o resultado ainda não é satisfatório, alguns métodos cirúrgicos passam a ser considerados. São exemplos:

 – Implante de anel intracorneano⁸: técnica onde um dispositivo médico implantável é posicionado em uma região conhecida como estroma corneano, buscando regularizar as deformações presentes na córnea⁹

– Cross-linking da córnea⁵: é depositada na córnea uma solução contendo vitamina B2, junto a uma exposição controlada à radiação ultravioleta (UVA). O objetivo é estimular a contração das fibras de colágeno presentes na córnea, reforçando e aumentando a sua resistência.

O ceratocone é um dos principais motivos de transplante de córnea, realizada em último caso e somente em graus elevados⁶. “Não é possível prevenir seu aparecimento, mas é possível eliminar costumes que prejudicam a saúde ocular e evitar, quando descoberta em tempo, o transplante”, finaliza o oftalmologista.

O texto acima possui caráter exclusivamente informativo. Jamais realize qualquer tipo de tratamento ou se automedique sem a orientação de um especialista

Referências

1. Ministério da Saúde. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/10-11-dia-mundial-do-ceratocone/. Acesso em 21/06/2022

2. National Keratoconus Foundation (NKCF). Disponível em: https://www.keratoconusgroup.org/2021/10/world-keratoconus-day.html. Acesso em 21/06/2022

3. Violet June – The Keratoconus Awareness Campaign. Disponível em: https://www.violetjune.com.br/ceratocone/. Acesso em 21/06/2022

4. Ambrósio, Renato et al. Ceratocone: Quebra de paradigmas e contradições de uma nova subespecialidade. Revista Brasileira de Oftalmologia [online]. 2019, v. 78, n. 2 [Acessado 21 Junho 2022] , pp. 81-85. Disponível em: <https://doi.org/10.5935/0034-7280.20180101>. Epub 13 Maio 2019. ISSN 1982-8551. https://doi.org/10.5935/0034-7280.20180101.

5. Sociedade Brasileira de Oftalmologia Pediátrica. Disponível em: https://sbop.com.br/paciente/doenca/ceratocone/. Acesso em 21/06/2022

6. Sociedade Brasileira de Oftalmologia. Disponível em: https://www.sboportal.org.br/campanhas/dia-mundial-do-ceratocone. Acesso em 21/06/2022

7. Sociedade Brasileira de Ceratocone. Disponível em: http://www.ceratocone.net.br/. Acesso em 21/06/2022

8. Violet June – The Keratoconus Awareness Campaign. Disponível em: http://www.violetjune.com.br/wp-content/uploads/2019/11/Captura-de-Tela-2019-11-07-%C3%A0s-09.50.00.png. Acesso em 21/06/2022

9. Moreira, Hamilton et al. Anel intracorneano de Ferrara em ceratocone. Arquivos Brasileiros de Oftalmologia [online]. 2002, v. 65, n. 1 [Acessado 21 Junho 2022] , pp. 59-63. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0004-27492002000100011>. Epub 23 Jul 2002. ISSN 1678-2925. https://doi.org/10.1590/S0004-27492002000100011.

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Como cuidar da saúde ocular – da infância à fase adulta

Conversamos com o Dr. Cristiano Caixeta (CRM SP 96.458), médico oftalmologista e Presidente do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), para entender como cuidar da saúde ocular – da infância à fase adulta.

Enquanto somos crianças, cuidar da saúde ocular fica a cargo de nossos responsáveis. Conforme crescemos, vamos nos ocupando com as atividades cotidianas e passamos a buscar ajuda somente quando o corpo emite um alerta. Visão embaçada, dificuldade para enxergar à noite e problema para ler de longe são alguns sintomas que podem ser monitorados e controlados ao longo da vida, mas somente com o suporte adequado. Entenda no texto abaixo.

Saúde ocular da criança: como e quando cuidar

Durante os primeiros anos de vida, o sistema ocular está em pleno desenvolvimento, por isso esta fase é decisiva para o amadurecimento visual. Tanto que o primeiro exame já acontece enquanto o bebê está na maternidade. Nas primeiras 72h de vida já é realizado o Teste do Reflexo Vermelho (o popular “Teste do Olhinho”)¹, obrigatório por lei no Brasil desde 2017 como um dos exames básicos e essenciais para avaliar o desenvolvimento do bebê. Ele consiste no direcionamento de luz para o olho do bebê e avalia a cor do reflexo, podendo ser avermelhada, alaranjada ou amarelada. Caso a cor refletida seja branca o médico oftalmologista solicitará exames complementares para investigação.

“Este exame pode detectar qualquer alteração que cause obstrução no eixo visual, como catarata, glaucoma congênito e outros problemas que até podem causar cegueira – cuja identificação precoce pode possibilitar o tratamento no tempo certo e o desenvolvimento normal da visão”, explica Dr. Cristiano Caixeta (CRM SP 96.458), médico oftalmologista e Presidente do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO).

Após a abordagem inicial, o Teste do Olhinho deve ser repetido pelo pediatra três vezes ao ano (pelo menos) nos três primeiros anos de vida da criança¹. Na identificação de qualquer anormalidade, o paciente deve ser encaminhado ao oftalmologista para a realização de exames específicos que irão investigar a fundo as possíveis causas.

Além da realização deste exame na maternidade, a criança deve ser monitorada durante todo o seu crescimento. “É importante ressaltar que a visão está diretamente relacionada ao desenvolvimento da criança. Quando há algum comprometimento visual pode haver sérios prejuízos relacionados à fala e à aprendizagem, por exemplo”, elucida o médico.

Exames para cuidar da saúde ocular da criança

A Sociedade Brasileira de Oftalmologia Pediátrica (SBOP) e a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) recomendam1 que o pediatra faça as avaliações listadas abaixo:

* Primeiras 72h de vida: Teste do Reflexo Vermelho (TRV) pelo menos três vezes ao ano durante os primeiros 3 anos de vida. A falha de visualização ou anormalidades no TRV são indicações para encaminhamento urgente ao médico oftalmologista.

* 0 a 36 meses: Inspeção dos olhos e anexos (pálpebras, córnea, conjuntiva, íris e pupila); avaliação da função visual apropriada para a idade; fixação ocular e alinhamento dos olhos.

* 0 a 12 meses: Avaliação dos marcos de desenvolvimento visual para bebês saudáveis:

o Um mês: presença de fixação visual;

o Dois meses: presença de movimentos oculares verticais;

o Três meses: presença da fixação e seguimento de objetos e de movimentos sacádicos adequados;

o Seis meses: presença de tentativa de alcançar os objetos apresentados e do alinhamento ocular apropriado;

o Nove meses: presença do reconhecimento de rostos e expressões.

* Importante: Devem ser encaminhados para exame oftalmológico completo os bebês que não fazem contato visual nos primeiros dois meses de vida ou não apresentam sorriso social ou percepção das próprias mãos aos 3 meses; ou que não pegam brinquedos aos 6 meses, ou não reconhecem rostos e expressões aos 11 meses.

* 12 a 36 meses: cada olho deve ser avaliado individualmente se desenvolveu fixação, capacidade de seguir luz e objetos, reação à oclusão de cada olho.

Já a partir dos seis meses de idade, sugerem que o bebê visite o médico oftalmologista para avaliação completa:

* 6 a 12 meses: inspeção dos olhos e anexos; avaliação da função visual (exame de fixação e seguimento monocular); avaliação da motilidade e alinhamento ocular (testes de cobertura simples e alternada); refração cicloplegiada e avaliação do fundo de olho dilatado.

* 3 a 5 anos (idealmente aos 3 anos): inspeção dos olhos e anexos, avaliação da acuidade visual, avaliação da motilidade e alinhamento ocular (testes de cobertura simples e alternada), refração cicloplegiada e avaliação do fundo de olho dilatado. Se o exame for inconclusivo ou insatisfatório, uma nova avaliação é recomendada em 6 meses.

* 5 a 12 anos: avaliação oftalmológica sobre possíveis erros refracionais a partir dos sinais e sintomas do paciente.

* 13 a 40 anos: além da avaliação de erros refracionais, o médico oftalmologista também se volta para possíveis problemas decorrentes da idade, como catarata, glaucoma e retinopatia diabética.

A criança que apresenta um problema visual desde o início de sua vida não teve a oportunidade de comparar uma visão boa ou nítida a uma visão destorcida ou borrada, então acredita que aquele é o jeito “normal”. Por isso é importante é estar atento a alguns sinais. No entanto, nem sempre isso é tarefa fácil.

Dr. Cristiano Caixeta orienta: “Redobrar a atenção para determinados comportamentos, como: ‘apertar’ os olhos para enxergar, inclinar a cabeça para olhar para algo, baixo desempenho escolar sem outra causa aparente, confusão entre cores, formas e objetos, quedas e esbarrões frequentes, além do hábito de aproximar o rosto de livros e telas é uma boa tática. Ao notar esses sinais, consultar um médico oftalmologista o quanto antes pode fazer a diferença na vida da família e da criança”.

Principais doenças oculares que podem afetar crianças

Em casos de crianças prematuras deve existir a preocupação da avaliação e tratamento quando necessário da chamada retinopatia da prematuridade². Há, também, alguns tipos raros de câncer ocular, que podem acometer as crianças.

Existem algumas doenças que podem estar presentes ao nascimento, ainda que numa frequência não tão elevada. O glaucoma congênito e a catarata congênita³ são duas doenças que merecem atenção.

Nas crianças um pouco maiores, os problemas oculares mais comuns são os erros de refração (miopia, hipermetropia e astigmatismo), estrabismo (o chamado “olho torto”), ambliopia – também conhecida como “olho preguiçoso” – e ceratocone.

Saúde ocular na fase adulta

Principais doenças oculares

Com a visita regular ao médico oftalmologista, torna-se mais fácil monitorar o surgimento de doenças oculares que possam comprometer a visão, sendo que algumas delas são mais comuns após os 40 anos. Segundo Dr. Caixeta, “a presbiopia, popularmente conhecida como ‘vista cansada’⁴ é de longe a mais comum e pode comprometer a qualidade da visão para perto. Todos nós, após os 40 anos, poderemos apresentar em maior o menor grau este desconforto para a leitura de perto. Doenças como o glaucoma, por exemplo, que é causado pelo aumento da pressão intraocular, também apresenta uma incidência crescente a partir desta faixa etária”. Já na terceira idade, aumenta a incidência de doenças como catarata, degeneração macular relacionada à idade e a retinopatia diabética.

Sendo assim, a partir dos 40 anos, o profissional realiza os exames oculares para avaliar erros refracionais a partir de sinais e sintomas apresentados pelo paciente e passa a levar em consideração as possíveis alterações oculares em virtude do avançar da idade.

A partir dos 60 anos, catarata, retinopatia diabética, glaucoma e degeneração macular relacionada à idade são mais comuns.

Como cuidar da saúde ocular na vida adulta

Visitar o médico oftalmologista anualmente para consultas de rotina é essencial, além de não esperar por sintomas para consultá-lo, pois algumas doenças graves podem se desenvolver de forma assintomática – como é o caso do glaucoma. O especialista consegue fazer exames básicos, como de refração, fundo de olho, tonometria (medida da pressão intraocular), entre outros.

Com o avançar da idade, passamos a precisar de ajuda para observar determinados sintomas que podem interferir diretamente em uma vida funcional.

O principal sinal de alerta que deve ser observado é a redução da qualidade visual. Quando a visão começa a ficar embaçada e distorcida, é hora de recorrer à ajuda profissional. Devido a essa perda visual, quedas e confusões com medicamentos podem ocorrer com frequência. Por isso, visitar o especialista o quanto antes é muito importante.

Estima-se que 80% dos casos de cegueira poderiam ser evitados caso houvesse um diagnóstico precoce. Somado ao trabalho do médico oftalmologista, a “receita” para uma vida mais saudável também pode englobar alimentação balanceada e prática de

atividades físicas para evitar problemas oculares, bem como manter doenças crônicas sob controle, como diabetes e hipertensão.

Os conteúdos disponíveis neste portal têm a intenção de informar sobre a saúde ocular. A consulta com o profissional de saúde é fundamental e imprescindível para eventual diagnóstico, tratamento e acompanhamento do paciente.

Referências

1 Recomendação SBOP para exame oftalmológico na primeira infância

2 Retinopatia da prematuridade

3 Teste do reflexo vermelho: forma de prevenção à cegueira na infância

4 Detección de la presbicia en el adulto e implicación laboral / Sight detection in adults cend its impact to laboral implications

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