Abra os olhos para o Glaucoma

Em celebração ao Dia Nacional de Combate ao Glaucoma (26/05), conversamos com o presidente da Sociedade Brasileira de Glaucoma, Dr. Roberto Galvão Filho (CRM 11157-PE), para entender melhor a doença e seus mecanismos de prevenção e tratamento.

Doença silenciosa, que causa cegueira irreversível, pode ser tratada com acompanhamento periódico no oftalmologista

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 76 milhões de pessoas ao redor do mundo já convivem com glaucoma¹. Trata-se de uma doença crônica que afeta o nervo óptico, a estrutura responsável por levar o que o olho enxerga ao cérebro, e que se apresenta como a terceira causa que mais leva pessoas à cegueira irreversível.

Em celebração ao Dia Nacional de Combate ao Glaucoma (26/05), conversamos com o presidente da Sociedade Brasileira de Glaucoma, Dr. Roberto Galvão Filho (CRM 11157-PE), para entender melhor a doença e seus mecanismos de prevenção e tratamento.

Confira a seguir!

Visão em Dia: Doutor, anualmente são registrados cerca de 2,4 milhões novos casos de glaucoma. O que isso representa para a população em termos de saúde pública?

Dr. Roberto Galvão Filho: O número de pessoas com glaucoma no mundo é alarmante. Principalmente por ser uma doença que não tem cura e que o controle se faz pela vida toda, demandando um acompanhamento que tem sua complexidade e despesas, tanto para o paciente como para o sistema de saúde. Com o avanço da doença, a cegueira pode ainda ter um custo pessoal inimaginável, caso não haja o tratamento adequado.

Visão em Dia: O glaucoma é uma doença degenerativa? Por que o risco de desenvolvimento pode triplicar a partir da terceira idade?

Dr. Roberto Galvão Filho: O envelhecimento generalizado da pirâmide populacional e o aumento da expectativa de longevidade, no Brasil e em todo o mundo, poderá trazer um aumento expresso do número de casos nas próximas décadas, visto que o glaucoma é mais frequente com o avanço da idade.

O desgaste natural das estruturas de drenagem do olho favorece o aumento da pressão intraocular, também conhecida como PIO, que ocasiona a perda de fibras nervosas e, por consequência, a perda gradual do campo de visão.

Visão em Dia: Mas nem só idosos podem ser afetados, certo? O glaucoma congênito é uma condição rara que, normalmente, é diagnosticada já no primeiro ano de vida da criança. Quando pais, mães e tutores precisam estar alertas para a possibilidade do desenvolvimento do glaucoma? Há indícios que podem ser apresentados antes mesmo dessa fase?

Dr. Roberto Galvão Filho: O tipo congênito é uma doença muito grave. Responde por 3% dos casos de glaucoma, mas gera 80% dos casos de cegueira pela doença. Existem sinais que podem ser observados no nascimento pelos pais ou pelo neonatologista que realiza os primeiros exames na criança.

Olhos grandes demais ou de tamanhos diferentes, esbranquiçados, assim como bebês que não conseguem ficar de olhos abertos em ambientes muito iluminados (fotofobia), são alguns dos sinais que precisam de atenção. A história familiar de glaucoma congênito pode ser um alerta, então o aconselhamento genético, feito com especialista na área, também pode ser útil.

Visão em Dia: O glaucoma também pode ser secundário, quando surge a partir de outras condições que interferem na drenagem dos olhos – tais como leucemia, diabetes, entre outras. Ao começar o tratamento para uma dessas doenças, quando já é possível também inserir o acompanhamento com um oftalmologista na rotina?

Dr. Roberto Galvão Filho: Sempre. Fatores de risco, como hipertensão arterial, diabetes, miopia, história familiar de glaucoma e principalmente a necessidade de tratamento com drogas à base de corticosteróides, devem ser apontados pelo paciente e monitorados pelo especialista. Esses quadros devem ser encaminhados para acompanhamento regular com um oftalmologista, mesmo que ainda não haja um diagnóstico de glaucoma.

Visão em Dia: À medida em que o glaucoma avança, o paciente costuma sofrer a perda do campo visual. Que sinais ou medidas podem ajudá-lo a identificar que é hora de buscar suporte profissional? Dr. Roberto Galvão Filho: Quando o paciente percebe a redução do campo visual, o nervo óptico já perdeu entre 40 a 60% das suas fibras. Ou seja, já é um glaucoma muito severo e o diagnóstico deve ser feito muito antes disso.

Fotos de fundo de olho, campos visuais e medidas da pressão intraocular são muito eficientes para o diagnóstico precoce, antes dos sintomas se apresentarem.

Visão em Dia: O exame de pressão ocular é a peça-chave para a descoberta da doença. A partir de que fase da vida já é possível inseri-lo na rotina de exames periódicos? Há outras análises que podem auxiliar nesse diagnóstico?

Dr. Roberto Galvão Filho: A pressão intraocular é o maior fator de risco para glaucoma e é um dos únicos que, atualmente, modificamos para tratar a doença.

A medida regular se faz em qualquer idade, em todos os pacientes com glaucoma e nos casos de suspeita. Nos bebês, fazemos um exame de pressão intraocular sob anestesia; a partir dos 5-6 anos de idade já medimos no consultório.

Visão em Dia: Uma das linhas de tratamento do glaucoma está baseada em colírios. Qual o papel deles?

Dr. Roberto Galvão Filho: Os colírios tratam eficientemente mais de 80% dos casos. Tem custo relativamente baixo para glaucomas mais leves e são mais caros nos casos de glaucoma mais avançado, mas o SUS também os fornece em vários estados brasileiros

A Sociedade Brasileira de Glaucoma está num processo de estudo para expandir essa oferta para todos eles.

Visão em Dia: Qual a importância da adesão do paciente para administrar as doses adequadas, bem como nos horários indicados, destes colírios?

Dr. Roberto Galvão Filho: O colírio funciona da mesma forma que o remédio para diabetes e hipertensão arterial, quando não é usado do jeito certo as taxas sobem e a doença progride. A mesma coisa acontece com o glaucoma.

Visão em Dia: Quais outros recursos terapêuticos estão disponíveis para o tratamento do glaucoma? Qual a sua efetividade?

Dr. Roberto Galvão Filho: O laser vem ganhando importância. Muito usado como complemento ao colírio, hoje pode ser usado como início do tratamento, substituindo o colírio por muitos anos. A SBG já entrou com um pedido nos órgãos regulatórios para liberar o uso dessa técnica no SUS.

Além disso, as cirurgias para glaucoma avançaram muito, mais ainda são reservadas para casos que não controlam com laser ou colírios. Muitos pacientes desconhecem que existe a alternativa cirúrgica para o glaucoma.

Para saber mais sobre o glaucoma, clique aqui e confira outros conteúdos.

O texto acima possui caráter exclusivamente informativo. Jamais realize qualquer tipo de tratamento ou se automedique sem a orientação de um especialista

Referências:

1. The Internacional Agency for the prevention of blindness. Disponível em: https://www.iapb.org/learn/knowledge-hub/eye-conditions/glaucoma/. Acessado em 13/04/2022

2. Um olhar para o glaucoma no Brasil. Pesquisa conduzida pelo Ibope Inteligência. Disponível em: https://www.sbglaucoma.org.br/wp-content/uploads/2020/06/pesquisa-opiniao-publica-ibope-sbg-upjohn.pdf. Acessado em 13/04/2022

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Vídeo: Tudo sobre o glaucoma

O Glaucoma é a maior causa de cegueira irreversível no mundo. A doença não apresenta sintomas, e só pode ser diagnosticada através de consulta oftalmológica. Saiba tudo sobre o glaucoma neste vídeo:

De olho nas dicas: Por que muitos pacientes não aderem ao tratamento do glaucoma?

O médico oftalmologista, Dr. Remo Susanna Jr., traz para discussão a grande questão sobre o tratamento do glaucoma: Por que tantos pacientes não aderem?

De olho nas dicas: Quais são os fatores de risco e as formas de prevenção do glaucoma?

O glaucoma é uma doença ocular que não permite recuperar a perda visual após diagnosticado. No entanto, é possível evitar a progressão do dano causado. Para isso, é importante ter conhecimento de quais são os fatores de risco e como podemos prevenir o glaucoma. Quem nos dá essas informações completas é o Dr. Paulo Augusto de Arruda Mello, médico oftalmologista.

22 de maio 2021
Entrevista com Dr. Augusto Paranhos, oftalmologista e Presidente da Sociedade Brasileira de Glaucoma, sobre os índices de glaucoma, diagnóstico e tratamento da doença.

Dia Nacional de Combate ao Glaucoma: Informação ajuda na prevenção da cegueira

Neste mês, nós temos uma data bastante importante para a saúde ocular: Dia Nacional de Combate ao Glaucoma (26/05). […]

Neste mês, nós temos uma data bastante importante para a saúde ocular: Dia Nacional de Combate ao Glaucoma (26/05). Sabendo da complexidade que é a doença e da importância de levar informação de qualidade a todos para evitar as complicações irreversíveis do glaucoma, nós convidamos o Dr. Augusto Paranhos (CRM-SP 84.213), oftalmologista e Presidente da Sociedade Brasileira de Glaucoma*, para um bate-papo. O especialista discorreu sobre os principais aspectos do diagnóstico e do tratamento da doença e também esclareceu as principais dúvidas que giram em torno da temática. Confira:

VISÃO EM DIA – Doutor, qual é a predominância do glaucoma?
DR. AUGUSTO PARANHOS – A revista Ophthalmology é uma das principais no setor e traz um compilado de diversos estudos realizados na área. Com base nestes materiais, a publicação aponta que 3,5% da população mundial tem glaucoma¹. Claro que essa prevalência varia de acordo com a região analisada, mas se fossemos pensar que temos em torno de 88 milhões de pessoas acima dos 40 anos no Brasil isso significa que são cerca de três milhões de glaucomatosos. E já temos estudos mostrando – não especificamente no nosso País – que metade das pessoas com glaucoma não sabem que têm a doença²,³­,4,5.

VISÃO EM DIA – O glaucoma é uma doença degenerativa que ocorre em decorrência do envelhecimento?DR. AUGUSTO PARANHOS – Sim, em parte. À medida que a população envelhece, a prevalência da doença e a velocidade de progressão também aumentam. Parte do problema é, sim, porque se trata de uma doença degenerativa.
Nós nascemos com uma quantidade de células que conecta o olho ao cérebro – algo em torno de 1,6 milhões de células. Conforme nós envelhecemos, essa quantidade vai diminuindo sem ter reposição. E o que acontece no glaucoma é uma morte celular mais acelerada, então certamente existe o componente degenerativo associado ao problema ocular.

VISÃO EM DIA – Doutor, existe mais de um tipo de glaucoma? Quais costumam ocorrer com mais frequência?
DR. AUGUSTO PARANHOS – Temos mais de 30 tipos de glaucoma, sendo os mais recorrentes: glaucoma primário de ângulo aberto, glaucoma de ângulo fechado e glaucoma corticogênico.
Atrás da íris (parte colorida dos olhos) nós temos um líquido que é produzido o tempo todo. Ele passa pela pupila (“buraquinho” existente na íris) e sai do olho no ângulo entre a íris e a córnea (parte transparente do olho). Quando o ângulo entre a íris e a córnea é mais aberto, chamamos de glaucoma primário de ângulo aberto. Quando o paciente tem esse ângulo muito estreito nós chamamos de glaucoma de ângulo fechado. Este segundo é mais comum em paciente hipermetrope, por exemplo.

VISÃO EM DIA – Muitas vezes o paciente não percebe a perda visual. Como ele pode identificar que algo está errado? Quais os sintomas mais comuns?
DR. AUGUSTO PARANHOS – O nosso organismo tem um mecanismo de defesa. Quando ele detecta algo errado já busca alternativas para corrigir o problema. No fundo do olho, onde os olhos recebem a luz, nós temos muitas células ganglionares com a mesma função. Vou dar um exemplo grosseiro para ilustrar: Em uma determinada região eu tenho cinco células ganglionares emitindo o mesmo sinal. Se eu perco três, eu vou continuar percebendo o estímulo luminoso mesmo que eu tenha perdido mais da metade das células da retina. O próprio organismo se encarrega de “encobrir” esta deficiência. Ou seja, o “olho bom” compensa o “olho ruim”, por isso o glaucoma primário de ângulo aberto é inicialmente assintomático.
No entanto, quando falamos sobre glaucoma de ângulo fechado, este tem sintomas perceptíveis. O paciente pode sentir crises de embaçamento visual, de dor, de desconforto, auras coloridas quando vê luz. Inclusive, pode ocorrer uma crise aguda, que gera é uma dor insuportável e até leva a pessoa ao pronto-socorro. Este é um tipo de glaucoma que tem muitos sintomas associados.
Outro tipo de glaucoma com sintoma é o corticogênico. É bastante comum as crianças terem alergia ocular e, dependendo do caso, o médico oftalmologista orienta o uso de corticoide. A mãe percebe que a medicação é rápida e eficaz, então nos episódios seguintes de alergia ocular ela mesma se encarrega de medicar o filho sem orientação profissional, uma vez que não é exigida receita para adquirir o remédio.  Dali um tempo, essa criança começa a ter embaçamento da visão e vai ao médico oftalmologista achando que o problema será resolvido com óculos. Não é o que acontece. Trata-se de um glaucoma corticogênico e a criança perdeu a visão devido ao uso errôneo da medicação.

VISÃO EM DIA – Entrando na questão da prevenção, qual é o direcionamento? Existe prevenção?
DR. AUGUSTO PARANHOS – Sim, mas varia de acordo com o tipo da doença. Por exemplo, é possível prevenir os glaucomas secundários tratando a causa da hipertensão. Se o paciente tem um glaucoma secundário à uveíte, é preciso tratar a uveíte. Se for um glaucoma secundário a um trauma e este foi tratado adequadamente, o glaucoma não chega a se desenvolver. Já o glaucoma corticogênico, como falei anteriormente, basta não usar indevidamente o medicamento.

VISÃO EM DIA – Vemos que o glaucoma é bastante complexo. É possível resumir como o tratamento é realizado?
DR. AUGUSTO PARANHOS – Após diagnosticado o glaucoma, a primeira coisa que fazemos, quando possível, é um tratamento com laser, mesmo antes do colírio.

VISÃO EM DIA – O doutor poderia deixar uma mensagem para quem nos acompanha?
DR. AUGUSTO PARANHOS – O paciente deve realizar consultas e exames periódicos, porque é durante a execução dos exames que encontramos os sinais do glaucoma e de outras doenças oftalmológicas. Somente com o diagnóstico e a orientação médica adequada é possível prevenir a progressão do glaucoma e a cegueira causada pela doença.
É importante que o paciente tenha paciência para ser submetido a um exame bem feito e entender todo o processo do tratamento.

Saiba mais sobre glaucoma
Para comemorar o Dia Nacional de Combate ao Glaucoma nós lançamos o primeiro episódio do podcast Visão em Dia. A entrevista com o Dr. Augusto Paranhos está disponível lá. Para ouvir a conversa na íntegra, clique aqui (hiperlink do podcast). E não se esqueça de compartilhar com amigos e familiares para que eles também possam cuidar da saúde ocular e evitar problemas futuros.

O texto acima possui caráter exclusivamente informativo. Jamais realize qualquer tipo de tratamento ou se automedique sem a orientação de um especialista

*Conteúdo produzido com apoio da Sociedade Brasileira de Glaucoma

Referências:
¹THAM, Yih Chang; XIANG, Li; WONG, Tien Y; QUIGLEY, Harry A; AUNG, Tin; CHENG, Ching-Yu. Global Prevalence of Glaucoma and Projections of Glaucoma Burden through 2040. Ophthalmology, Vol 121, Issue 11, pages 2081-2090, Nov 2014. (abstract) 
²Half of Those with Glaucoma Don’t Know It; Are You At Risk?. American Academy of Ophthalmology, 2015. Disponível em: < https://www.aao.org/newsroom/news-releases/detail/half-of-those-with-glaucoma-don-t-know-it-are-you->. Acesso em 21 de mai de 2020.
³HENNIS, Anselm; WU, Suh-Yuh; NEMESURE, Barbara; HONKANEN, Robert; LESKE, M Cristina; Barbados Eye Studies Group. Awareness of Incident Open-Angle Glaucoma in a Population Study: The Barbados Eye Studies. National Library of Medicine 2007 Oct;114(10):1816-21.
4 TIELSCH, JM; SOMMER A; KATZ J; ROYALL RM, QUIGLEY HA, JAMA Javitt. Racial variations in the prevalence of primary open-angle glaucoma. The Baltimore Eye Survey. 1991 Jul; 266(3):369-74.
5 LESKE MC, CONNEL AM, SCHACHAT AP, HYMAN L. Prevalence of open angle glaucoma. The Barbados Eye Study. Arch Ophthalmol. 1994 Jun; 112(6):821-9.

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glaucoma está listado entre as principais causas de perda visual e, segundo a Organização Mundial da Saúde, estima-se que 11,9 milhões de pessoas em todo o mundo tenham deficiência visual moderada ou severa, ou cegueira devido ao glaucoma. Um dos fatores que contribui para a progressão do glaucoma é o abandono do tratamento por parte dos pacientes, mas o seguimento correto pode controlar o problema ocular e evitar a cegueira. 

O médico oftalmologista Dr. Mauricio Della Paolera (CRM-SP 47.500),  explica: “O glaucoma é uma doença complexa, mas que pode ser controlada graças às alternativas existentes na atualidade. Entre os motivos alegados pelos pacientes para descuidar do tratamento, especialmente aqueles na faixa da terceira idade, é a quantidade de medicamentos recomendada”. 

Para tentar reverter este cenário e incentivar a continuidade da abordagem, o especialista investe na educação: “Eu acredito que quanto mais informação eu forneço ao paciente e seu acompanhante, melhor será o tratamento. É importante que eles entendam o que é o glaucoma, como ele ocorre, quais podem ser as consequências e quais são os benefícios de seguir as orientações médicas. Deixo a consulta o mais aberta possível para que todos se sintam à vontade para tirar as dúvidas”.

Como funciona o tratamento do glaucoma?

DIAGNÓSTICO

Os principais exames realizados pelo médico oftalmologista para investigação de um possível caso glaucomatoso são:

– Gonioscopia: Exame para classificar o tipo de glaucoma;
– Oftalmoscopia: Permite analisar se o nervo óptico foi danificado em decorrência do glaucoma;
– Paquimetria: Indicado para avaliar a espessura da córnea;
– Campo visual: Ajuda o especialista a avaliar a sensibilidade da região central da visão;
– Tonometria: Para aferir a pressão intraocular.

Para um resultado mais assertivo e melhor avaliação das estruturas oculares, o médico oftalmologista também pode solicitar os exames de: retinografia, retinografia anéritra, tomografia de coerência óptica (OCT), entre outros.

TRATAMENTO CLÍNICO

Dr. Mauricio conta que a indicação do colírio vai depender do tipo de glaucoma e do histórico do paciente (se existe a possibilidade de reação a algum princípio ativo, por exemplo).

O tratamento pode exigir até quatro tipos de colírio, o que contextualiza os relatos mais comuns dos pacientes de não se lembrarem de qual medicamento já foi aplicado ou se usaram o mesmo mais de uma vez. Mas o médico destaca existem opções de colírios que combinam mais de um princípio ativo em um único medicamento, reduzindo o volume de frascos a serem administrados. “Acredito que este facilitador tende a melhorar a taxa de adesão“, comenta o médico oftalmologista. 

Os colírios recomendados no tratamento do glaucoma auxiliam no controle da pressão intraocular (PIO) e, como consequência, impedem a progressão do dano causado pela doença. “Iniciamos com as drogas mais fortes (prostaglandinas) e se não surtir resultado combinamos com outros princípios ativos, como betabloqueador e inibidores da anidrase carbônica”, esclarece Dr. Mauricio.

O médico reforça que também é extremamente importante que o uso dos medicamentos seja feito sempre nos mesmos horários. 

Cuidados importantes durante o tratamento do glaucoma

1.    O intervalo entre aplicação de uma medicação e outra deve ser de (pelo menos) 5 minutos .
2.    Para preservar de maneira adequada, seguir as orientações contidas na bula do seu colírio
3.    Após o diagnóstico e início do tratamento, é o profissional quem irá definir o intervalo das consultas para acompanhamento. Essa periodicidade irá depender de fatores como o tipo de glaucoma, gravidade e estágio da doença.

O desenvolvimento do glaucoma pode acontecer em função de fatores independentes de nossos comportamentos, mas também podemos fazer a nossa parte:

1. Evitar o uso contínuo de colírios com corticoide sem orientação médica
Um dos fatores que pode favorecer o aparecimento do glaucoma é o uso abusivo de colírio com corticoide. “Poucas pessoas sabem, mas o corticoide pode aumentar a pressão intraocular e pode levar ao desenvolvimento do que chamamos de glaucoma corticogênico. Esse tipo é de rápida progressão e também pode cegar. O uso deve ser feito somente sob prescrição médica”, explica o especialista.

2. Consultar o médico oftalmologista regularmente
Dr. Mauricio enfatiza a importância das consultas regulares com o médico oftalmologista para o diagnóstico precoce. No caso do glaucoma, quanto antes iniciar o tratamento, mais cedo se pode controlar a evolução da doença e evitar lesões no nervo óptico.

O texto acima possui caráter exclusivamente informativo. Jamais realize qualquer tipo de tratamento ou se automedique sem a orientação de um especialista.

Referências
– WorldReportOnVision 2019 disponível aqui: https://www.who.int/publications-detail/world-report-on-vision 
– Bula TRIPLENEX®: https://allergan-web-cdn-prod.azureedge.net/allerganbrazil/allerganbrazil/media/allergan-brazil/triplenex-paciente.pdf

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